sábado, 2 de março de 2013

A importância do diagnóstico clínico

Não querendo desmerecer o monte de exames que fazemos em check ups e para confirmar (ou não) suspeitas médicas, quero ressaltar a importância de um bom diagnóstico clínico. Principalmente para as pessoas que, como eu, "estão sempre doentes" e nunca se descobre a causa (um bônus de síndromes como a Fibromialgia).

Divido uma história que ilustra bem o que eu quero dizer.
Há meses estou com dores de cabeça terríveis, que pioram com o esforço e me fizeram abandonar várias atividades cotidianas, além da  prática de qualquer esporte - e de quebra, ainda ganhei alguns quilinhos. Como de praxe, visitei alguns neurologistas, fiz exames que, obviamente, deram em nada e comecei um tratamento profilático para enxaqueca. Escolhi o médico que me pareceu mais acessível, mais aberto a casos diferentes como o meu.

Alguns meses depois, nenhuma melhora. Até o dia que tenho uma crise muito forte e retorno ao médico. Conversa vai, conversa vem, ele me pergunta se notei algo de diferente e comento que a dor aumenta quando eu deito na cama, mas não se eu deitasse de bruços. Essa resposta foi o que fez com que ele matasse a charada: minhas dores eram provenientes de contraturas no pescoço que estavam pressionando alguns nervos que irrigam a cabeça. Tratamento? Apenas 2 minutos de alongamento todos os dias, e nenhum remédio. Alguns dias depois já notei melhora e hoje os alongamentos diários evitam a dor incessante. Ainda tenho crises esporádicas, mas não o tempo todo.

Se não fosse um médico clínico, com uma pergunta e uma resposta "bobas", eu continuaria com dores e tomando vários remédios que estariam apenas degradando meu organismo... Por isso que eu amo bons médicos clínicos!

domingo, 25 de novembro de 2012

Por que eu jogo RPG?


Crônica que eu escrevi em 2004 e nunca dividi com ninguém... Hoje resolvi postar!
Um dos meus últimos textos... Até deu vontade de voltar a escrever! Será que rola?


Por que eu jogo RPG?

Há alguns anos joguei a minha primeira sessão de RPG. Completamente alheia ao assunto, levei um bolo de um namorado e resolvi ceder aos pedidos de um grande amigo e fui, então, jogar RPG com grupo dele. Após a primeira hora, descobri o porquê do fascínio que o RPG exerce sobre seus praticantes...

Entender as regras não foi nada fácil mas, depois de algumas sessões, começava a tornar-se bastante simples, e até mesmo natural, somar os pontos com os dados e matar orcs, escalar montanhas ou pular por fendas no chão. Aquele mundo de elfos, fadas, duendes e os mais variados monstros era tudo o que eu precisava para sair um pouco da vida real, desestressar e conseguir me divertir a valer.

Quando se joga RPG, se esquece os preconceitos, a gente vira criança outra vez, pula, corre, briga pelo último copo de coca cola, vibra ao dar o golpe decisivo contra aquele dragão malvado que o mestre, mais malvado ainda, resolveu colocar na história só pra nos atrapalhar.

O Rpgista consegue, de forma natural e fantástica, entrar num mundo onde a realidade não mais importa, os problemas de dinheiro, saúde ou relacionamentos ficam do lado de fora e, durante uma tarde, uma noite ou até mesmo um ou dois dias inteiros, nada mais interessa. Os celulares são desligados, dados e simples folhas de papel viram armas mortais, capazes de fazer tudo, desde que o mestre deixe. Durante aquelas horas que estamos jogando, esquecemos nossas idades, cores e credos. Pais de família se juntam a garotos e garotas que ainda estão no colégio, e ficam em tom de igualdade, sem a malícia e a perversidade que rondam o mundo de hoje.

O Rpgista não precisa se vestir de preto, nem ter cabelo comprido. Ele pode se sentar ao seu lado no ônibus e você nem notar. Ou pode passar voando na sua BMW nova e você apenas amaldiçoar aquele filhinho de papai que provavelmente vai atropelar alguém. O Rpgista é um ser normal. Tão bom ou ruim quanto qualquer outro. Não cultua demônios nem vai ao cemitério fazer rituais antigos, descritos em algum livro de capa amarelada. Aliás, os livro dos Rpgistas são, na maioria das vezes, tão belos e intactos quanto aqueles que saíram agora da livraria, pois o livro é a chave que o leva àquele mundo mágico e misterioso que ele tanto adora.

É para isso que se joga RPG. Para se livrar das angústias do dia a dia e poder voltar a ser criança. Para brincar de bangue bangue com seus coleguinhas da escola. Eu jogo RPG porque sou humana, e como qualquer humano, busco um escape para os problemas da vida atual. O Rpgista não é aquele cara que mata e estupra crianças, como muitos grupos gostam de pintar. Talvez, se ele tivesse jogado um pouco de RPG, não cometesse tais atrocidades. É impossível se descrever um Rpgista, porque ele pode ser qualquer um. Um Rpgista não tem na sua face as marcas do jogo, e nem fica contando a todo mundo o que faz no seu tempo de folga. Talvez eu até me sente ao seu lado no ônibus hoje, e você nem vai ficar sabendo que essa menina frágil, de cabelos castanhos e roupas coloridas é uma maga poderosa que em seu tempo livre mata dragões.

11.05.2004
Bárbara Nassif - 20 anos

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Se um dia quiseres chorar


Se um dia quiseres chorar,
Chora
Ofereço-te meu ombro amigo
Mas não chores por mim

As lágrimas salgadas que brotarem em teus olhos
E morrerem em teus lábios
Serão muito mais doces
Do que as que me fizeste derramar

Não tiveste dó, nem piedade
Achaste graça de meu sofrimento
Deixaste-me sozinha quando mais precisei
E não ouviste quando gritei teu nome

Mesmo assim, não te culpo
Meu colo está a tua disposição
Minhas mãos podem até acariciar-te
Mas meus lábios nunca mais beijarão os teus

15.10.2000
Bárbara Nassif - 17 anos

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Negro

Já que a Thaise se lembra de parte deste poema, que foi para um trabalho do colégio, acho que ele merece ser postado aqui. Afinal, se alguém além de mim lembra dele, deve valer alguma coisa, não é?



Negro

Negro,
Palavra tão vasta
Sentido ambíguo,
Negro negrume,
Negro nasci.

Escuro infinito,
Negra noite
Negras idéias
Rondam cabeças
De negras pessoas.
Negras por dentro,
Por fora, porém,
Falso brancume.

Negro também,
Sentimento impuro
Tristezas da vida
Tristes momentos.

Mas ainda há,
Negro alegria,
Negro do samba,
Negro do dia.
Simplesmente,
NEGRO.

20.10.1997
Bárbara Nassif - 14 anos

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Pandora

Saindo do forno, sem revisão nem nada. Direto dos meus pensamentos pra internet.
E seja o que Deus quiser! :)



Pandora

Um dia peguei meus medos
Minhas dúvidas, meus receios
Juntei tudo em uma caixinha preta
E tranquei dentro de minh’alma

Mas junto delas guardei algo mais
Alguns sonhos perdidos
Minhas paixões mal resolvidas
E desejos mais secretos

E lá no fundo do meu ser permanecem
Sem incomodar
Sem florescer
Sem me fazer feliz
Ou me fazer sofrer

Mas mesmo escondida bem fundo
Ainda existe
Ainda é parte de mim
Ou é algo que eu deveria ser

Terei eu algum dia coragem para abrir essa caixa de pandora?

24/08/2012



sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Vampiro

Impressionante relembrar que algumas paixões de hoje surgiram há mais de 10 anos...
E da onde saia tanta paixão, quando eu era adolescente, pra escrever esse tipo de coisa??


Vampiro

Sugue meu sangue
Leve minha alma
Quero ser como você,
Um ser da noite,
De olhos brancos,
Pele gélida,
Beleza incomparável
E eterna juventude

Não quero mais ver luzes
Somente as fabricadas
O sol não mais me interessa
Quer ter só na memória
A tarde avermelhada
Do sol se pondo
Quero ir para longe
Quero voar,
Subir até as nuvens mais negras da noite

Meu único alimento
Será o que antes me mantinha
Não quero mais sentir o meu pulso
Mas quero ter o pulsar do sangue de outros
Dentro do meu próprio corpo

Quero dar a minha vida de mortal
E sacrificar-me para todo o sempre
Até o dia que acabar
Quando não mais agüentar
Essa vida noturna
E me arriscarei a ver
Pela, então última vez
Pois cinzas me tornarei
Só para poder contemplar
O que um dia disse que não mais queria ver
A tardinha avermelhada
Do meu último pôr do sol

16.04.1998
Bárbara Nassif - 14 anos

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O que pedi

Faz tanto tempo que não posto nada...
Em poucos meses, bastante coisa aconteceu! Fui à Europa, voltei. Conheci gente. Fiz festas. Fechei 5 anos de Dell. Mudei de posição no trabalho.

Mas nenhuma evolução no meu tratamento pra Fibromialgia. Tomei uns remédios, fiz massagens... Nada!
Devo começar Pilates em breve... Tomara que dê resultado!

E hoje, não sei por que, comecei a olhar poemas antigos.
Tem uns bonitos, cheios de sentimento (tem uns bem fraquinhos tb!), e os mais recentes são de 2001... Dá pra acreditar que faz mais de 10 anos que não escrevo uma poesia? Então, resolvi dividir algumas aqui! :-)
Algumas são "batidas", conhecidas. Outras, como a que está abaixo, nunca mostrei pra ninguém...
Quem sabe uma hora dessas volta a inspiração?


O que pedi

Pedi a Deus um amor
E Ele me mandou um anjo
Lindo, puro, imaculado
Porém impossível de se amar

Um anjo idolatrável
Inteligente, mas sem malícias
Radiante
Com sua pele alva e olhos de safira
Porém, impossível de se amar

Pedi apenas um amor
Mas foi-me enviada uma vida
Um ser cândido, dependente
Muito mais do que perfeito
Porém, impossível de se amar

Meu amor era tão quente
Ardia em brasas invisíveis
E foi resfriado de repente
Ainda era amor, mas muito mais calmo
Terno e compreensível
E esse anjo, o culpado
Era impossível de se amar
Porém, impossível de se esquecer

16.10.2000
Bárbara Nassif - 17 anos